A partir de operação feita pela Polícia Federal na segunda, casos denunciados antes das eleições do ano passado vem à tona com força!
A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta segunda-feira (21), a Operação “Sufrágio”, com o objetivo de aprofundar as investigações sobre suposta prática de compra de votos no município de Itaipulândia.
A apuração teve início a partir de denúncia recebida por canais oficiais da Polícia Federal, indicando que uma apoiadora de um então candidato a prefeito Lindolfo Rui, teria oferecido pagamentos semanais de R$ 70 a motoristas que exibissem propaganda eleitoral em seus veículos, sob justificativa de “ajuda de custo com combustível”, nas semanas que antecederam o pleito de 2024.
Segundo os elementos já reunidos, os encontros teriam ocorrido na Assoremi, Associação de Recicladores de Itaipulândia, com a presença de diversas pessoas, ocasião em que foram colhidos dados pessoais dos envolvidos.
Áudios, vídeos e demais provas documentais obtidas durante a investigação apontam para a possível materialidade e autoria da prática ilícita, o que pode levar a um processo de cassação dos atuais gestores, prefeito Lindolfo e vice Adolfo Preis, pois, se prosperar uma ação, o ilícito teria beneficiado a coligação majoritária.
Foram cumpridos mandados de busca e apreensão, todos eles expedidos pela Justiça Eleitoral, abrangendo a residência da principal investigada, instalações da referida associação e em face de outras pessoas ligadas aos fatos.
O objetivo foi recolher celulares, computadores, mídias, documentos, anotações e listas que possam conter informações sobre eleitores, candidatos e repasses financeiros aludidos.
Além de um possível processo de cassação, o crime de compra de votos prevê pena de reclusão de até quatro anos e multa. As investigações prosseguem, com o objetivo de esclarecer completamente os fatos e identificar todos os envolvidos.
Pesquisando a página do Jusbrasil, há 39 processos públicos envolvendo o nome de Lindolfo Rui, a maioria no TREPR, mas também no TJPR.

Prefeita e vice da época, Cleide e Lindolfo, entregando uma condecoração na Assoremi em 2022 (Foto: PMI)
Notícia saiu antes das eleições ainda. Veja detalhes de pelo menos três ações
A cinco dias da eleição daquele domingo, 6 de outubro de 2024, três ações pressionavam pela cassação da chapa liderada por Lindolfo Rui (PSD) e Adolfo Preis (PSB) candidatos a prefeito e vice de Itaipulândia.
As ações, que envolviam também a então prefeita Cleide Prates (MDB), denunciavam a cooptação de partido, compra de eleitores e doação de cestas básicas em troca de votos. Na época, as ações não foram inicialmente acatadas pela Justiça Eleitoral. Agora, se o processo caminhar e chegar a um veredito de culpabilidade, Lindolfo, Adolfo e possivelmente até Cleide podem ficar fora da política (inelegíveis) por oito anos.
Compra de partido
A primeira ação ajuizada em 5 de setembro de 2024, um mês antes do pleito, pedia a cassação de Lindolfo pela acusação de cooptação (compra) do partido União Brasil.
“A máquina pública foi utilizada pela prefeita Cleide a serviço de Lindolfo que passou a ter mais tempo no programa eleitoral de rádio. Cleide e Lindolfo ofereceram cargo e vantagens para Ari Thomazin (dirigente do UB). Amanda Thomazin, nora de Ari Thomazin, foi nomeada para um cargo na prefeitura”, afirmou na época o advogado que protocolou a denúncia na Justiça Eleitoral.
“Lindolfo justificou que a prefeitura estava precisando de uma farmacêutica, mas seu cadastro no Conselho Regional de Farmácia estava inativo. Lindolfo, Cleide e Ari descobriram tarde demais que a Justiça Eleitoral proíbe a compra de partido”, complementou na ocasião o advogado que esperava que a audiência das testemunhas e a sentença da Justiça Eleitoral lhes fosse rapidamente favorável, o que não aconteceu naquele momento.

Em 2021, Lindolfo recebe a chave de um automóvel para uso exclusivo como vice, numa demonstração de confiança da prefeita Cleide, foto e texto dizendo isso, exibidos na “página oficial” do município em 2021.
Compra votos
A segunda ação, ajuizada um pouco depois, em 24 de setembro do ano passado, denunciava a compra de votos na Assoremi. O crime eleitoral foi registrado na Polícia Federal. Vídeos mostravam a ex-servidora da prefeitura, Marlei Kaefer, comprando apoio dos recicladores por R$70.
“É uma oferta. Se quiserem usar o adesivo para prefeito (Lindolfo), indiferente do vereador. Eles vão dar para quem tiver adesivado, o comitê vai dar R$70 por semana para cada carro”, disse Marlei Kaefer em áudio gravado no vídeo e entregue à PF na ocasião.

“Adesiva que te dou 70 pila por semana”, mostrou denúncia (ilustração: futuraim.com.br)
Votos por cesta básica
A terceira ação, ajuizada cinco dias antes das eleições, exatamente no dia 1 de outubro do ano passado, pretendia a cassação da chapa de Lindolfo por chantagear uma família carente que já recebe cestas básicas da prefeitura, segundo o teor da denúncia.
O crime também, com fotos e áudios, foi registrado na PF. “A turma do Lindolfo prometeu cesta básica em troca dos votos da família, só que a família já recebe cestas básicas da assistência social”, disse um denunciante à época.
Em áudios enviados à PF, o cidadão de nome Ari Facioni, primeiro confirmou que prometeu cesta básica caso a família apoiasse Lindolfo. Depois, disse, ainda de acordo com a denúncia, que a família não vai mais receber a cesta básica. E o motivo: a família não colou o adesivo de Lindolfo.
Sem adesivo, não tem cesta
Nos áudios, Ari Facioni diz: “A própria Verônica, esposa do Lindolfo, passou aí também. Não tinha. Daí eu fui conferir ontem de tarde, conversei com a tua esposa, e não tinha. Tu esqueceu que eu dei uma cesta, né. E não colocou o adesivo. Tu esqueceu, né. Mas pode arrancar. Se depender de mim, tu pode arrancar”.
“Então não tem problema não. Não vai fazer falta esses votos para nós. Eu tava lá ontem. Eu fui lá para ver. Estava com a cesta dentro do carro, não tinha o adesivo. Eu voltei embora”, completou Facioni de acordo com o que foi denunciado à época.
A redação entrou em contato via WhatsApp com Lindolfo, Adolfo e Cleide e aguardava-se alguma manifestação, o que acabou acontecendo algum tempo depois.
Perguntada sobre o assunto a ex-prefeita Cleide Prates disse que não há nada com o nome dela envolvido. Lembrou que já sofreu com algumas acusações anteriormente e até foram na sua casa, mas não foi levantado problema algum.
Lindolfo Rui, atual prefeito, se limitou a dizer o seguinte: “As pessoas citadas são filiadas a partido político coligado com a minha oposição”.
Os outros citados na reportagem não foi possível o contato, mas a redação do FE está tentando conseguir, para escutar a versão deles, dos fatos narrados nas denúncias do ano passado e sobre a ação desta segunda.
(Atualizada às 20h42)
Fonte Extra com inf. Ponto da Notícia e Jornal Impacto Paraná