Por Caio Gottlieb
Entre o ruído das paixões e o silêncio da razão, o Brasil parece finalmente buscar um novo tom. As certezas ideológicas perdem o brilho, os velhos discursos ecoam ocos e o eleitor, exausto de extremos, passa a buscar abrigo em quem fala menos e faz mais.
É nesse cenário de desalento e fadiga da população que começa a ganhar corpo uma força política até pouco tempo contida nas fronteiras do Paraná — mas que agora sopra com vigor em direção ao Planalto.
O mercado financeiro, que já foi o fiador entusiasmado da “Carta para o Brasil do Amanhã” de Lula em 2022, confessa hoje arrependimento.
Passados três anos, a promessa de responsabilidade fiscal deu lugar à expansão descontrolada dos gastos públicos e a um ambiente de incerteza que afugenta investimentos. A elite econômica, que movimenta trilhões de reais e dita o compasso da confiança no país, busca um novo porto seguro.
E os radares do PIB de São Paulo, outrora centrados em Tarcísio de Freitas, começam a apontar para o governador do Paraná, Ratinho Junior.
Tarcísio, por sua vez, parece ter lido com precisão o mapa político de 2026. Reservadamente, admite a aliados que dificilmente deixará o Palácio dos Bandeirantes — onde a reeleição é tida como líquida e certa — e passou a defender o nome do colega paranaense como o mais apto a representar a direita na disputa presidencial.
Descreve Ratinho como “um nome forte”, competitivo e de “baixa rejeição”, capaz de unir o campo conservador com o centro pragmático. Nas palavras de um interlocutor, “ele tem tudo o que o eleitor quer: é novo, gestor eficiente, liberal na economia e sem o desgaste da polarização”.
O endosso do governador paulista ecoa também no mercado e nas elites empresariais.
Gestores de grandes fundos — como Octávio Magalhães, da Guepardo Investimentos, e Ricardo Lacerda, do BR Partners — já citam Ratinho como a aposta mais sólida da direita em 2026. “Defende um Estado menor, menos impostos e privatizações, e mostra resultados concretos no Paraná”, resumem.
Sua postura liberal e seu discurso de eficiência pública agradam aos ouvidos de quem há muito perdeu a fé nas promessas fáceis do populismo.
A diferença é que Ratinho Júnior não fala apenas de números — ele os entrega.
Sob seu governo, o Paraná lidera investimentos no agronegócio, setor que responde por mais de um terço do PIB estadual e que se tornou o grande trunfo político do governador. Foram mais de R$ 730 milhões destinados ao agro apenas no primeiro semestre deste ano, somando incentivos, infraestrutura e programas de segurança alimentar.
Um movimento que o coloca em sintonia direta com o coração econômico do Brasil profundo, onde o voto é menos ideológico e mais concreto: planta, colhe e vota em quem produz.
Nos bastidores, Tarcísio reforça a convicção de que Ratinho teria vaga garantida num eventual segundo turno contra Lula — mesmo que um dos filhos do ex-presidente entre em campo. O paulista calcula que um nome da família Bolsonaro, como Eduardo, não ultrapassaria 15% do eleitorado e não seria obstáculo ao avanço do paranaense. Com baixa rejeição e uma imagem associada à gestão e resultados, Ratinho teria mais facilidade para furar o bloqueio dos extremos e capturar o eleitorado moderado, o grande prêmio de 2026.
Outro fator de peso nessa equação é o pai do governador, o apresentador Ratinho, no ar há quase 30 anos com seu programa no SBT.
Ícone popular e comunicador carismático, ele tem uma das maiores audiências da televisão brasileira, com destaque especial no Nordeste — reduto historicamente petista. Sua influência junto às classes C, D e E o transforma em um cabo eleitoral de peso, capaz de abrir caminhos para o filho e reduzir distâncias em uma região decisiva para qualquer projeto nacional.
Enquanto isso, Lula enfrenta a corrosão natural do poder e o desgaste de um governo que prometeu responsabilidade, mas entrega improviso. O mercado se afasta, o centro se dispersa e a direita busca um novo rosto. Do Sul, onde o agro prospera e a administração pública funciona, começa a despontar a figura de um governador que fala pouco, governa muito e desperta, a cada dia, o interesse de quem realmente decide o rumo do país.
Ratinho Junior deixa de ser apenas o governador bem-sucedido do Paraná para se tornar um protagonista em ascensão no jogo maior da política nacional — um nome que avança em silêncio, com trabalho, mas que começa a ocupar o espaço que o Brasil parecia ter reservado para quem ainda acredita em esperança, em uma virada de página possível, longe dos rancores, dos ódios e das divisões que tanto atrasam o país.
Um tempo, enfim, de apostar na reconciliação nacional.
Comentário de Elder Boff, interpretando texto do colunista:

*Jornalista, publicitário, fundador e sócio-proprietário da Caio Publicidade, atua na TV Tarobá desde a sua fundação em 1979, conduzindo o programa de entrevistas Jogo Aberto.
Fonte Extra






