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Toledo e o investimento bilionário que marca uma nova era

Por Caio Gottlieb*

Quando uma potência reconhece outra potência, nasce uma aliança destinada a transformar paisagens econômicas inteiras.

É exatamente isso que testemunhamos com o anúncio da instalação da usina de etanol de milho da Hydrographe em Toledo, no Oeste do Paraná: um encontro épico entre a visão estratégica de um grupo empresarial do Centro-Oeste brasileiro e a força produtiva de um município que há 26 das últimas 28 edições lidera o Valor Bruto da Produção Agropecuária do Paraná.

Este não é apenas mais um investimento. Com cifras que alcançam expressivos R$ 1,18 bilhão, estamos diante de um dos maiores aportes privados desta década na região, um marco que redimensiona horizontes e reafirma Toledo como epicentro estratégico do agronegócio paranaense e brasileiro.

A decisão da Hydrographe S.A., sediada em Cuiabá (MT), de cravar bandeira em terras toledanas não nasceu do acaso, mas de uma leitura precisa de vocações e potencialidades.

O município é, há 12 anos consecutivos, o líder absoluto do VBP paranaense, ostentando na safra 2023/2024 a impressionante marca de R$ 4,72 bilhões em valor bruto da produção agropecuária. Números que não mentem, mas sobretudo revelam: aqui pulsa o coração produtivo do estado.

A escolha de uma área estratégica de 60 hectares, arrendada junto ao deputado federal Dilceu Sperafico e localizada próxima ao Aeroporto Municipal Luiz Dalcanale Filho, demonstra o refinamento logístico do projeto.

Proximidade de infraestrutura aeroportuária, malha viária consolidada, produção regional robusta de milho e um ecossistema empresarial maduro formam o quadro perfeito para uma operação desta magnitude.

Mais relevante ainda: todo o empreendimento será desenvolvido sem ônus aos cofres públicos municipais. A Hydrographe assumirá integralmente os custos de projetos, obtenção de licenças ambientais, instalação da planta industrial e sua operação. Estamos, portanto, diante de um modelo exemplar de desenvolvimento econômico sustentável, onde o empreendedorismo privado se alia ao potencial regional para gerar riqueza compartilhada.

Os números impressionam não apenas pela grandeza, mas pela abrangência do impacto prometido.

Durante os 18 meses de construção, serão criados 1.500 empregos diretos na fase de obras, aquecendo imediatamente a economia local e regional. Na etapa operacional, a usina gerará 150 postos de trabalho diretos e nada menos que 2.000 indiretos, consolidando uma cadeia produtiva robusta e diversificada.

O ecossistema empresarial se expande ainda mais: outras 31 empresas de diversos segmentos já manifestaram intenção de se instalar na região para dar suporte ao empreendimento. É o surgimento de um verdadeiro cluster industrial do etanol de milho, capaz de atrair competências, tecnologias e investimentos complementares.

A receita anual estimada, quando operando em capacidade máxima, alcançará R$ 1,184 bilhão. Este volume de faturamento deverá gerar aproximadamente R$ 213 milhões em ICMS ao Estado do Paraná, sendo que parte significativa destes recursos retornará aos cofres municipais através do mecanismo de partilha tributária.

Além disso, haverá incremento substancial na arrecadação do ISS, uma vez que os serviços prestados à usina deverão emitir notas fiscais no município, conforme determina a legislação tributária.

O empreendimento não vem apenas para se instalar em Toledo, mas para potencializar toda a cadeia produtiva regional. O consumo de matéria-prima será monumental: milhares de toneladas de milho serão processadas, criando um mercado consumidor robusto e permanente para os produtores rurais.

E aqui reside um dos aspectos mais estratégicos: a criação da modalidade de compra de milho futuro. Este mecanismo, inexistente antes da instalação de usinas desta natureza, permite que agricultores comercializem sua safra antecipadamente, garantindo previsibilidade de receita e possibilitando planejamento financeiro mais seguro. A necessidade de estoque estabilizado da indústria encontra a necessidade de segurança comercial do produtor, gerando um círculo virtuoso de rentabilidade e estabilidade.

Mas não é só o milho que ganha protagonismo. A usina também consumirá biomassa de eucalipto e bagaço de cana, diversificando as oportunidades para os proprietários rurais do município e da região. Com o frete representando fator econômico decisivo, os produtores locais terão vantagem competitiva natural, reduzindo custos logísticos e ampliando margens de rentabilidade.

Toda a cadeia de venda de equipamentos agrícolas, insumos, assistência técnica e serviços ligados ao agronegócio será estimulada. A produção tende a crescer em resposta à demanda criada, gerando um efeito cascata de desenvolvimento que alcançará desde o pequeno agricultor até as grandes tradings e cooperativas.

O fluxo operacional previsto é de mais de 100 carretas e caminhões diariamente circulando pela região. Pode parecer apenas um número, mas representa um verdadeiro tsunami de oportunidades para o setor de transporte e logística.

Consumo de combustível, manutenção de veículos, alimentação de motoristas, hospedagem, seguros, rastreamento, serviços de apoio – cada carreta em movimento aciona dezenas de prestadores de serviços e fornecedores. Este movimento intenso também estimulará o turismo de negócios. Executivos, técnicos, fornecedores, compradores, consultores e auditores circularão constantemente pela cidade, demandando hotelaria, gastronomia, eventos corporativos e toda a infraestrutura de apoio empresarial.

A usina empregará pessoas de todos os níveis de qualificação, desde funções operacionais até cargos técnicos e gerenciais de alta especialização. Este cenário abre uma janela extraordinária para parcerias voltadas à capacitação profissional. A Prefeitura, em articulação com instituições como Senai e Senar, poderá estruturar programas de qualificação específicos, preparando a mão de obra local e regional para as demandas técnicas da indústria de biocombustíveis. Estamos falando de formação em áreas como operação de processos industriais, manutenção de equipamentos, controle de qualidade, logística, gestão ambiental, segurança do trabalho e tantas outras especialidades.

Uma geração inteira de jovens toledanos e da região poderá encontrar neste empreendimento não apenas um emprego, mas uma carreira sólida e promissora.

A transformação do milho em biocombustível não gera apenas etanol, mas toda uma gama de produtos com valor comercial agregado. Serão produzidos etanol anidro, adicionado à gasolina nas distribuidoras, e etanol hidratado, que poderá ser comercializado diretamente com distribuidoras ou até mesmo com postos de combustíveis do município, barateando o custo final para os consumidores locais. O farelo de milho, conhecido como DDGS (Dried Distillers Grains with Solubles), é um coproduto nobre utilizado na formulação de ração animal, com alta demanda no mercado pecuário. O óleo de milho, extraído durante o processo, também possui valor comercial relevante.

E ainda há a geração de energia elétrica, aproveitando a biomassa no processo produtivo e podendo até gerar excedentes comercializáveis. Esta diversificação torna o empreendimento mais resiliente a oscilações de mercado e amplia as possibilidades de geração de receita, consolidando a sustentabilidade econômica de longo prazo.

Uma planta industrial desta magnitude demanda manutenção preventiva e corretiva constante, além de toda a operação cotidiana de suporte. Serviços de caldeiraria, solda, mecânica industrial, elétrica, instrumentação, automação, análises laboratoriais, limpeza industrial, segurança patrimonial, alimentação coletiva, transporte de pessoal, gestão de resíduos, tratamento de efluentes – a lista é extensa e permanente.

Estes serviços deverão ser prestados preferencialmente no local, gerando oportunidades duradouras para empresas de Toledo e região. Não se trata de um movimento pontual, mas de um mercado estável que se estabelece e se perpetua enquanto a indústria operar.

Há algo profundamente simbólico na decisão da Hydrographe de plantar raízes em Toledo. É o reconhecimento explícito de que esta terra, forjada pelo trabalho de gerações de agricultores, cooperativistas, empresários e empreendedores, construiu as condições ideais para sediar investimentos desta envergadura.

O município não foi escolhido por incentivos fiscais agressivos ou artificialismos econômicos. Foi escolhido pela sua essência: capacidade produtiva comprovada, infraestrutura consolidada, capital humano qualificado, ambiente de negócios maduro e, principalmente, uma vocação inegável para o agronegócio de excelência.

Este investimento de R$ 1,18 bilhão é mais que capital financeiro se materializando em estruturas de concreto e aço.

É a confirmação de que Toledo construiu, ao longo de décadas, os ativos intangíveis mais valiosos que uma comunidade pode ter: credibilidade, previsibilidade e competência.

Enquanto as máquinas começarem a remover as primeiras levas de terra para as fundações, o município estará, na verdade, lançando alicerces de uma nova fase de sua história econômica.

A liderança que já exerce no VBP paranaense ganhará novos contornos, mais diversificados, mais tecnológicos, mais integrados às demandas de um mundo que busca crescentemente fontes renováveis de energia.

O etanol de milho representa o presente e o futuro da matriz energética brasileira. E Toledo, com sua capacidade produtiva ímpar, sua localização estratégica e seu ambiente empresarial consolidado, posiciona-se na vanguarda desta transformação.

Este é o encontro entre tradição e inovação, entre força produtiva e visão de futuro, entre a solidez de quem já provou seu valor e a ousadia de quem enxerga horizontes ainda mais amplos.

Toledo não apenas recebe uma usina. Confirma, mais uma vez, seu lugar de destaque no mapa do agronegócio brasileiro. E escreve, com letras maiúsculas, mais um capítulo glorioso de sua história.





*Jornalista, publicitário, fundador e sócio-proprietário da Caio Publicidade, atua na TV Tarobá desde a sua fundação em 1979, conduzindo o programa de entrevistas Jogo Aberto.

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