Há um certo teatro que se repete toda segunda-feira nas câmaras de vereadores. Microfones ligados, discursos ensaiados.
O roteiro é o mesmo: entrega de placas, moções de aplauso e homenagens a quem “prestou relevantes serviços à comunidade”. Tudo parece cordial, até alguém resolver dizer o que muita gente pensa.
O delegado e vereador Jorge Giraldi da câmara do município de Araranguá foi esse alguém. (Vídeo abaixo)
No plenário, soltou o desabafo que ecoa em tantas cidades: “É só homenagem pra cá, homenagem pra lá.” A frase cortou o ar como um estalo de lucidez em meio ao tédio das formalidades. E fez barulho.
Não por ser um desabafo isolado, mas porque deu voz ao cansaço de quem já não aguenta assistir dez minutos de uma sessão que deveria discutir os problemas do povo e acaba se transformando na casa da bajulação oficial.
Giraldi colocou em palavras o que boa parte da população sente: que a política municipal virou um espelho deformado do ego dos próprios vereadores.
Enquanto as cidades enfrentam problemas, muitas delas com filas nos postos e escolas sem estrutura, os legislativos seguem ocupados com solenidades e sessões festivas, elogios a eventos comunitários e agenda das próximas festas. E quem ousa questionar o protocolo da autopromoção é tratado como intruso no baile.
O episódio em Araranguá, Santa Catarina não é isolado. É um retrato de um sistema que trocou o debate público pelo aplauso fácil em inúmeras câmaras do Brasil afora. E, no meio disso, a pergunta que ecoa nas galerias vazias: quem vai ter coragem de falar o que ainda está entalado na garganta de tantos? É uma reflexão para análise de como se comportam as câmaras da nossa região.
Fonte Extra com Jornal Razão
(Reprodução Cam. Araranguá_SC)






