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Com quem Lula anda

Reprodução de cartaz de “procura-se”

Por Caio Gottlieb*

Nos Estados Unidos, Nicolás Maduro é procurado como criminoso. No Brasil, é recebido como chefe de Estado. Lá, seu rosto aparece em cartazes com recompensa de US$ 25 milhões para quem colaborar com sua prisão. Aqui, ganha tapete vermelho no Palácio do Planalto, afagos diplomáticos e palavras de admiração do presidente da República.

A diferença entre os dois tratamentos diz mais sobre quem somos hoje do que sobre quem é Maduro — um ditador de currículo já bem conhecido no mundo civilizado. O cartaz divulgado nesta segunda-feira (28) pela Administração de Repressão às Drogas dos EUA (DEA), vinculada ao Departamento de Justiça, é explícito: o líder venezuelano é acusado de narcoterrorismo, tráfico internacional de cocaína, uso de armas para fomentar o crime organizado e apoio a grupos terroristas estrangeiros.

E não é só retórica. Segundo os EUA, Maduro lidera o Cartel de Los Soles, organização criminosa sediada na Venezuela, agora formalmente classificada como grupo terrorista internacional. O cartel, afirma o governo norte-americano, presta apoio logístico e material ao Tren de Aragua e ao Cartel de Sinaloa, duas das mais violentas facções criminosas da América Latina. Ao lado de Maduro, também são procurados os ministros Diosdado Cabello Rondón (Interior, Justiça e Paz) e Vladimir Padrino López (Defesa).

Sim, é disso que estamos falando. De um presidente em exercício acusado por uma potência mundial de ser chefão do tráfico internacional de drogas e aliado de terroristas. E que, mesmo assim, é tratado no Brasil como um camarada ideológico. Porque é exatamente isso que ele é para Lula: um camarada.

A relação não é diplomática, é afetiva. Lula não apenas mantém laços formais com ditaduras — o que seria parte do pragmatismo de qualquer política externa — ele se alinha, admira, protege, defende, visita, abriga e reverencia os tiranos mais notórios do nosso tempo.

Maduro é apenas um nome em uma lista vexatória. Lembra do infame Cesare Battisti, terrorista condenado por assassinatos na Itália? Teve asilo concedido pelo petista no Brasil. Nadine Heredia, ex-primeira-dama do Peru e acusada de corrupção no governo de Ollanta Humala, também encontrou abrigo sob a guarda do lulismo. A ex-presidente Cristina Kirchner, condenada e em prisão domiciliar por corrupção na Argentina, foi visitada pessoalmente por Lula, que exigiu: “Cristina libre”. A cleptocracia não é só tolerada — é festejada.

Enquanto o mundo denuncia o autoritarismo, a violência e a fome que Maduro impôs ao seu povo, o governo brasileiro fecha os olhos — ou melhor, os abre, e aplaude. O êxodo de milhões de venezuelanos, a repressão brutal a opositores, a censura, a escassez, os assassinatos políticos — tudo isso é varrido para baixo do tapete vermelho que o Planalto estende aos amigos do regime.

E não é só com Caracas. O mesmo Lula que relativiza as ações do Hamas, atenua a brutalidade do Hezbollah, silencia sobre os abusos do Irã, trata com normalidade os interesses da Rússia e cultiva com entusiasmo a influência da China.

Não se trata de diplomacia. É conivência ideológica. É um projeto de poder que se espelha no autoritarismo e nos métodos obscuros daqueles que desprezam a liberdade e a democracia. Os aliados de Lula não são os povos — são os regimes. E quanto mais opressores, mais bem-vindos parecem ser.

Nos Estados Unidos, Maduro está entre os criminosos mais procurados do mundo. Aqui, posa para fotos ao lado de Lula e assina acordos bilaterais. O cartaz da DEA parece coisa de faroeste, é verdade — mas a história que ele conta é real, e assustadora. E o mais vergonhoso é que o Brasil aparece nessa história do lado errado da fronteira, manchando seu nome ao se alinhar aos piores bandidos da política internacional.

A propósito, é bom lembrar que más companhias nunca vêm sozinhas — trazem sempre o destino junto.


*Jornalista, publicitário, fundador e sócio-proprietário da Caio Publicidade, atua na TV Tarobá desde a sua fundação em 1979, conduzindo o programa de entrevistas Jogo Aberto.


Fonte Extra

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